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Recomendado por um amigo português, conheci uma iniciativa de Portugal sobre biografias familiares.
Não é um processo técnico de genealogia ou pesquisa apurada, mas apenas uma coleta de reminicências que vão sendo ordenadas numa linha do tempo.
Um idoso (ou um grupo de idosos de um mesmo grupo familiar) relatam memórias, lembranças, passagens e momentos marcantes a um relator desconhecido (e é essencial a isenção do "ouvinte") que vai "puxando" o desenvolvimento das lembranças e correlações com outros fatos, pessoas e épocas.
É uma atividade bastante simples: estabelecida uma frequência de encontros, limitadas a duas horas cada, os idosos comentam fotos e as histórias delas. Não importa a precisão temporal ou histórica desses relatos, mas sim o estímulo à lembrança e as emoções desencadeadas.
Não se trata apenas de um estímulo sensorial, mas de uma revitalização do passado. Provavelmente, parentes e amigos já conhecem as histórias e personagens, mas para um desconhecido a carga de detalhes e dramaticidade é muito maior e gera inúmeros demembramentos de referências.
Principalmente com imigrantes e migrantes, ou a gerações que passaram por grandes dificuldades pela sobrevivência, os relatos (que às vezes incluem fatos "não comprovados" e alguma mistificação, o que não é importante...importante é a mente ativa e ativada) emocionam ao mesmo tempo em que gratificam pelos finais felizes ou surpreendentes que sempre acabam acontecendo.
Há um grande júbilo do idoso em rever fotos e atrelá-las a descrições e pormenores.
Os relatos são ordenados numa linha do tempo, fotos e materiais são remasterizadas e digitalizadas e, se a familia quiser, são editadas como livros.
Essa segunda parte da atividade, as memórias se tornando tangíveis em uma obra concreta, agrega uma gratificação inigualável ao idoso que além de poder recorrer a elas e revê-las constantemente, pode presentear amigos e familiares com suas histórias de vida.
Será nossa principal atividade na Befriend.
Recordar é viver.